segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Até mais...

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Ela sabia que não o veria mais.
Ele sabia que estava tudo acabado

__ Espere, leve isso com você. __ disse ela.
__ Mas, o que é isso? __ perguntou ele.
__ É apenas uma lembrança. __ respondeu ela.

Ele abriu o embrulho. Era uma caixinha de música com uma bailarina. Não entendeu nada e foi embora.

Ela não consegue dormir. Vira para o lado, liga a televisão, vai ao banheiro e abre sua caixinha de música que ganhou de presente no aniversário.

Ele não consegue dormir. Acende a luz do quarto, vê as horas no relógio em cima do tocador, levanta e abre a caixinha de música que ela lhe deu.

__ Oi. __ disse para ela segurando um buquê de rosas.
__ Entre. __ disse ela.

Ela pegou o buquê de rosas, colocou num vaso e o abraçou.

__ Eu... __ murmurou ele.
__ Não diga nada. __ interrompeu ela.

Ele beijou-a como se fosse a primeira vez. Ela correspondeu e entregou-se como se fosse a primeira vez.

domingo, 9 de novembro de 2008

A voz

Andava pela avenida, já tinha desistido de procurar emprego que no mínimo me aliviasse na metade das dívidas. Foi então, que vi uma banca de jornal; eu não queria, mas, como a esperança é a última que morre, uma força estranha me levou até os classificados.

Não tem nada melhor que cheirinho de café feito na hora. Peguei a minha xícara predileta e ao som de The Beatles comecei a folhear os classificados. Marquei com um “x” os que chamavam a minha atenção; olho através da janela, o sol começa a se pôr, o dia se esvai e, surge uma lua linda de tão cheia. Os classificados eram a minha salvação.

Planejei o meu dia. Passaria toda a manhã telefonando para todos aqueles “x”. A escrivaninha repleta de contas a pagar, o jornal só noticiando mazelas, ahh, nenhuma ligação de boa noite. A solidão ainda é o pior castigo.

__ Alô, bom dia! Gostaria de marcar uma entrevista. __ afirmei.
__ Nossas vagas já foram preenchidas. __ responderam.

“Nossas vagas já foram preenchidas”. Essa frase não saia da minha cabeça. Será possível tão difícil assim? É...

Já não era tarde, consegui marcar uma entrevista. Arrumei-me como manda o figurino, peguei a minha pasta de mulher séria, em cima, da mesa e fui em direção ao que tanto ansiava a dias.

Escritório é sempre uma coisa fria. As pessoas são frias, aquele ar-condicionado refrigerando, até o cafezinho é frio.

__ A senhora aguarde só um momento que Dr. Marcelo irá te atender. __ disse sua secretária.

Apenas mais uma secretária normal. Bem vestida, é verdade e, loira também. No entanto, sem graça. Apenas mais uma secretária. Ela sai e me deixa sozinha naquela sala um tanto fria. Uma porta entreaberta. Uma sombra e uma voz.

__ Pode deixar que levarei o contrato para o senhor averiguar.

Quem poderá ser? Tentei arriscar o olhar, mas, não consegui ver nada. Só uma sombra.

__ O senhor com certeza não irá se arrepender. Todas as negociações estão tramitando de forma legal, de acordo, com a legislação.

Uma voz doce e quente. E o olhar seria quente também? Ao mesmo tempo, tão serena. Transmitia paz e mistério. Quem era o dono daquela voz?

__ Senhora Mariana, o Dr. Marcelo disse que já pode entrar.
__ Ah, obrigada.

Passei a noite inteira recordando aquela linda voz. Pensei que não estivesse bem. Como posso me encantar assim, simplesmente, por uma voz? Não sei, mas ela soava aos meus ouvidos como um soprano de um anjo terno e suave.

Segunda-feira. Mais um dia infernal de trabalho. Esse balança, mas, não cai. Um tal de pára-pára. Essa corrente inquebrável de carros um em frente ao outro. Essa espera, essa demora insuportável. O caminho de minha casa até o escritório, realmente, é longo e muito cansativo.

__ A senhora pode sentar-se aqui. Eu já vou descer no próximo ponto. __ disse um rapaz muito bonito por sinal.

Fixei o meu olhar naqueles olhos quentes, nos lábios vermelhinhos. E que voz encantadora!

__ Obrigada pela gentileza. __ respondi.
__ Não precisa agradecer eu já vou descer mesmo.

Retribuir com um sorriso e um brilho nos olhos. Mas, aquela voz... sim, eureca! Era ele, claro que era ele. Eu sabia que o conhecia de algum lugar. Quando virei, ele já havia desaparecido. Apenas uma voz.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A revolução dos sutiãs virou uma palhaçada

Na década de 1970, mulheres em todo o mundo, reivindicavam por maiores direitos na sociedade. Exatamente nesse período, a humanidade estava sendo marcada por grandes tensões políticas e estudantes, intelectuais, artistas, mulheres, etc saíam nas ruas na luta contra a guerra fria, a do Vietnã; foi também quando surgiu o movimento hippie, jovens com ideais românticos que propagavam a cultura da paz e do amor.

Mulheres brilhantes realizaram a chamada revolução dos sutiãs. Elas literalmente rasgaram e queimaram o sutiã como forma de protesto, essa fase ficou conhecida pela luta de liberdade sexual contra o machismo predominante na sociedade. Mas, como diz o ditado: “quem nunca comeu marmelo quando come se lambuza,” expressa o que acontece, hoje em dia, com as mulheres.

Se formos parar para pensar que tudo começou com a famosa “boquinha da garrafa” do grupo Companhia do pagode, depois veio Carla Perez e seu bumbum no grupo É o tchan, ninguém iria imaginar que fosse terminar numa grande salada de frutas, pois, atualmente há mulheres para todos os gostos; tem a mulher melancia, mulher melão, mulher morango, mulher maçã e, assim por diante.

O que mais me entristece e que deveria entristecer toda a nossa classe, é que não fazem mais mulheres como antigamente. Antes nós lutávamos por mais espaço no mercado de trabalho, na universidade, na política, ou seja, em todo o setor social, e agora conseguimos mais espaço exibindo seios e bundas, geralmente produzidos em academias de ginástica ou nos consultórios de cirurgias plásticas. Ah, eu só não posso esquecer das mulheres plantas, porque também, existe a mulher samambaia.
 
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