domingo, 9 de novembro de 2008

A voz

Andava pela avenida, já tinha desistido de procurar emprego que no mínimo me aliviasse na metade das dívidas. Foi então, que vi uma banca de jornal; eu não queria, mas, como a esperança é a última que morre, uma força estranha me levou até os classificados.

Não tem nada melhor que cheirinho de café feito na hora. Peguei a minha xícara predileta e ao som de The Beatles comecei a folhear os classificados. Marquei com um “x” os que chamavam a minha atenção; olho através da janela, o sol começa a se pôr, o dia se esvai e, surge uma lua linda de tão cheia. Os classificados eram a minha salvação.

Planejei o meu dia. Passaria toda a manhã telefonando para todos aqueles “x”. A escrivaninha repleta de contas a pagar, o jornal só noticiando mazelas, ahh, nenhuma ligação de boa noite. A solidão ainda é o pior castigo.

__ Alô, bom dia! Gostaria de marcar uma entrevista. __ afirmei.
__ Nossas vagas já foram preenchidas. __ responderam.

“Nossas vagas já foram preenchidas”. Essa frase não saia da minha cabeça. Será possível tão difícil assim? É...

Já não era tarde, consegui marcar uma entrevista. Arrumei-me como manda o figurino, peguei a minha pasta de mulher séria, em cima, da mesa e fui em direção ao que tanto ansiava a dias.

Escritório é sempre uma coisa fria. As pessoas são frias, aquele ar-condicionado refrigerando, até o cafezinho é frio.

__ A senhora aguarde só um momento que Dr. Marcelo irá te atender. __ disse sua secretária.

Apenas mais uma secretária normal. Bem vestida, é verdade e, loira também. No entanto, sem graça. Apenas mais uma secretária. Ela sai e me deixa sozinha naquela sala um tanto fria. Uma porta entreaberta. Uma sombra e uma voz.

__ Pode deixar que levarei o contrato para o senhor averiguar.

Quem poderá ser? Tentei arriscar o olhar, mas, não consegui ver nada. Só uma sombra.

__ O senhor com certeza não irá se arrepender. Todas as negociações estão tramitando de forma legal, de acordo, com a legislação.

Uma voz doce e quente. E o olhar seria quente também? Ao mesmo tempo, tão serena. Transmitia paz e mistério. Quem era o dono daquela voz?

__ Senhora Mariana, o Dr. Marcelo disse que já pode entrar.
__ Ah, obrigada.

Passei a noite inteira recordando aquela linda voz. Pensei que não estivesse bem. Como posso me encantar assim, simplesmente, por uma voz? Não sei, mas ela soava aos meus ouvidos como um soprano de um anjo terno e suave.

Segunda-feira. Mais um dia infernal de trabalho. Esse balança, mas, não cai. Um tal de pára-pára. Essa corrente inquebrável de carros um em frente ao outro. Essa espera, essa demora insuportável. O caminho de minha casa até o escritório, realmente, é longo e muito cansativo.

__ A senhora pode sentar-se aqui. Eu já vou descer no próximo ponto. __ disse um rapaz muito bonito por sinal.

Fixei o meu olhar naqueles olhos quentes, nos lábios vermelhinhos. E que voz encantadora!

__ Obrigada pela gentileza. __ respondi.
__ Não precisa agradecer eu já vou descer mesmo.

Retribuir com um sorriso e um brilho nos olhos. Mas, aquela voz... sim, eureca! Era ele, claro que era ele. Eu sabia que o conhecia de algum lugar. Quando virei, ele já havia desaparecido. Apenas uma voz.

6 comentários:

Isabella MenSant! disse...

Adoorei o conto...
axo que vou pedir ajuda para escrever minha blog'novelaa!!!
XerOo

Emerson Rocha disse...

Hum... adorei o conto. No início até pensei que estivesse rolando uma experiência real da autora, mas... sem mas.
MUITO BOM!!!!!!!!!

Ilana Copque disse...

adorei ahuhahuaa
muito bom mesmo =P
já dá pra escrever fic

Unknown disse...

Hum...
não gostei muito não...
Umas analogias forçadas e estranhas, tipo: "...soava aos meus ouvidos como um soprano de um anjo terno e suave."
Pera aê!
E outras coisinhas tb.

Mas pelo menos eu li até o final!!

Abraços;

Unknown disse...

ahhh
meu nome ai ta como zakk
mas...Adriano Santos Diniz

Eduardo Franciskolwisk disse...

Entao.... ela agora trablaha no mesmo lugar que o cara da voz?

http://franciskolwisk.blogspot.com/

 
©2007 Elke di Barros Por Templates e Acessorios