sábado, 8 de março de 2008

“Ser diferente é normal”

Todas as vezes que vejo essa frase ou quando passo pelo APAE que fica na rua detrás da minha casa me ponho a pensar no quanto é normal ser diferente. Que mal há nisso? Por que as pessoas se preocupam tanto com pequenos detalhes? Do que importa ser negro, amarelo, branco, azul ou verde? A aversão às diferenças foi a causa de grandes guerras, assim como a Segunda Guerra Mundial, que foi palco de tamanha intolerância racial, não só ela, mas como outras que até marcaram a história do Brasil.
Manifestações preconceituosas que encontramos na sociedade atualmente não surgiram de forma espontânea, o que é diferente ou assusta ou aproxima. Nos meados do século XVI os portugueses aportaram em terras brasileiras e o primeiro impacto foi à presença do povo indígena, causando certa estranheza, pois eles possuíam uma cultura divergente da européia, andavam nus, pintavam todo o corpo e falavam outra língua. Quando os portugueses começaram a colonizar o Brasil uma das suas missões era exterminar a cultura indígena e importar à européia.
Como vimos o preconceito ao diferente não é algo moderno e recente se formos vasculhar a história mundial sempre esbarraremos com a intolerância e arrogância do homem. Além disso, podemos observar no nosso cotidiano flagrante e atitudes preconceituosas nos atos, gestos e falas. E, como não poderia ser diferente, o maior grupo excluído do mercado de trabalho e das universidades são as mulheres negras, o preconceito racial no Brasil é sutil, vivemos numa sociedade hipócrita, no qual, a moral é configurada e divulgada pela elite falida do nosso país.
O isolamento ao que se poderia considerar fora do “normal” atua na sociedade descaradamente e nós fingimos que não existe até para se proteger e inventar uma civilidade. Será que é tão invisível assim o assassinato de homossexuais nos grandes centros urbanos? “Filhinhos de papai” atacando mulheres por serem prostitutas? Ou colocando fogo em índio por que o confundiram com mendigo? Sempre considerei essa frase um clichê, mas, não deixa de ser tão cabível e verdadeira: Onde o mundo irá parar?
Não consigo ver o mundo com olhos cor de rosa, embora, não opte pelo pessimismo. O problema realmente estar no homem, com a sua mesquinhez, o seu sentimento de ganância e a sua intolerância. Como transformar esse homem? O que falta é amor se as pessoas parassem um momento para olhar o próximo, deixar as suas vaidades de lado, e começar a propagar o amor, o mundo talvez fosse melhor. Há uma poesia de Mahatma Ghandi, no qual, explicita adequadamente do que o mundo precisa. Diz à poesia que:

“Tenha sempre bons pensamentos
porque os seus pensamentos se transformam em suas palavras
Tenha boas palavras

porque as suas palavras se transformam em suas ações
Tenha boas ações
porque as suas ações se transformam em seus hábitos.
Tenha bons hábitos
porque os seus hábitos se transformam em seus valores
Tenha bons valores
porque os seus valores se transformam no seu próprio destino.”

A beleza está exatamente nas diferenças. O que seria da vida se eu pensasse como a Zezinha e a Zezinha pensasse como todo mundo? É na diversidade que evoluímos como civilização e como seres humanos que somos. Talvez pensar no multiculturalismo fosse um dos caminhos para combater os preconceitos e discriminações ligados à raça, ao gênero, às deficiências, à idade e à cultura, constituindo assim uma nova idéia de sociedade como a nossa que é composta por diversas etnias, nas quais as marcas de identidade, como cor da pele, modos de falar, comportamento sexual, diversidade religiosa, fazem a diferença em nossa sociedade. E essas marcas definem a mobilidade e o espectro social do nosso país.
Ser diferente é antes de tudo absolutamente normal.

Nenhum comentário:

 
©2007 Elke di Barros Por Templates e Acessorios